Edema de Reinke
DEFINIÇÃO
O edema de Reinke é uma lesão difusa na camada superficial da prega vocal, de coloração rosada, caracterizada por acúmulo de fluído, de modo irregular, em alguma região da porção membranosa ou em toda ela.
O edema inicial é translúcido, passando a ser mais consistente e avermelhado com o passar do tempo.
INCIDÊNCIA
O edema de Reinke ocorre em indivíduos adultos de ambos os sexos, entre 45 e 65 anos de idade que apresenta uma freqüente associação de uso intensivo da voz, abusos vocais variados e tabagismo.
FATORES CAUSAIS
O edema de Reinke ocorre por reação natural do tecido ao Trauma fonatório associado ao consumo de tabaco pro longo tempo.
O edema de Reinke pode ser unilateral, quando confere à prega vocal uma imagem de fuso, o que aparece na literatura como edema fusiforme; ou bilateral. A ocorrência bilateral indica uma resposta irritativa de ambas as pregas vocais e não a passagem do edema de um lado para o outro, o espaço de Reinke é ausente na comissura anterior e não há comunicação entre as duas pregas vocais.
CARACTERÍSTICAS VOCAIS
Os sintomas típicos incluem voz grave para a idade e sexo do paciente e rouquidão.
A qualidade vocal de um paciente com edema de Reinke é predominantemente rouca, por vezes fluida e crepitante, com pitch grave e modulação restrita. Queixa respiratória e incoordenação pneumofônica são observadas apenas em casos severos. A ressonância tende a ser difusa ou laringofaríngea, nas situações em que ocorre compressão supraglótica; pode ser observada qualidade vocal crepitante.
CONDUTA
Na conduta deve-se levar em conta a extensão da lesão, a presença de alterações associadas, o impacto profissional e/ou social da disfonia, e, muito importante, a conscientização sobre a necessidade de interrupção do tabagismo.
A fonoterapia deve abranger: orientações sobre higiene vocal, incluindo hidratação, apoio emocional à interrupção do cigarro e a o controle do estresse, além de técnicas vocais que visem à restauração do movimento muco-ondulatório da mucosa e a recuperação do campo vocal dinâmico.
Historicamente, a cirurgia do edema de Reinke era realizada com decorticação completa do epitélio escamoso. Tal procedimento cirúrgico, embora produzisse um resultado anatômico excelente, do ponto de vista funcional provocava uma rigidez na cobertura da prega vocal, com conseqüente deterioração da qualidade vocal. A vozx típica após a cirurgia corticação da mucosa por edema de Reinke é aguda, áspera, desagradável, com pouca sonoridade, produzindo também grande fadiga vocal.
Hoje, utilizam-se técnicas menos agressivas, como a sucção parcial do edema, a técnica de espremedura e a remoção limitada apenas as áreas muito abundantes da mucosa, o que garante uma recuperação muito mais rápida e uma qualidade vocal mais próxima à do paciente.
Sugere-se trabalho específico de escalas e sons agudos após a cirurgia, além do trabalho básico de sonorização. Nos casos pré-cirúrgicos, assim como nos casos com edema discreto ou moderado, a técnica de sopro e som fino tem aplicação interessante, para estimular o alongamento das pregas vocais e ativar a musculatura cricotireóidea.
PROGNÓSTICO
O prognóstico do tratamento fonoaudiológico, nos casos discretos e moderados, é bom, com reabsorção pelo menos parcial do edema após três meses de reabilitação, com uma sessão semanal. Convém ressaltar que a melhora vocal, com a produção de uma voz mais flexível ocorre antes que as alterações na imagem laringológica indiquem redução evidente do edema em si.
A terapia fonoaudiológica é entrada em técnicas que promovem a vibração da mucosa e o alongamento da prega vocal, com atenção especial para o trabalho com sons agudos e hiperagudos, para recuperar a ação do cricotireideo, possivelmente hipotônico, pelo peso do edema da prega vocal.
Nos casos severos, a melhor escolha de tratamento parece ser a combinação da conduta empregada, a interrupção completa e definitiva do tabagismo é condição sine qua non para o tratamento do paciente.